segunda-feira, 18 de junho de 2012

MARES DE NÓS...




Quero o direito de ser feliz sem me calar a garganta ou castrar os argumentos febris!
Sim! Sinto raiva e culpa impotente, mas não! não escolhi nascer assim: do lado mais frágil e quebradiço da corda (que sempre arrebenta).
E me inquieto por saber, porque a dosagem de amar deve ser "suave e homeopática", se a intensidade do sentir é tão ampla e fértil como a de deuses e imortais?
Não quero cerceado meu direito de ser eu mesma, ou a intensidade de me abrir ao desafio e sentir, quem sabe sombrio, o que em teu peito se esconde nas penumbras dos teus medos (e segredos).
Eu nada quis de ti, nada além do espaço bem fazejo da companhia doce e do terno ouvir, do que até de ti, te escondes.
Vim te pedir, isso sim, pra arrancares as cortinas negras da tua janela, deixar entrar um pouco de vento e sol... e sentir, no tremular das folhas embaladas de inquieta virtude, a inquietude de tudo que de longe vem e vai... sem medo da perda do que não se tem.
Mas se quiseres, encosta em mim o teu cansaço, o corpo dolido dos desafios de provar pra si mesmo que és capaz de ressurgir de tuas próprias cinzas, de curar tuas feridas antigas e respirar, como quem emerge de profundas águas e vislumbra fora, um jeito novo de andar!
Deixa eu ladear tua trilha, me avizinhar... e em silencio ver teus passos, sem interferir na rota ou no traçado... só velar teu andar ou suspiro... só olhar?
Não me põe pra fora do teu sorriso, do teu abraço, do teu murmúrio, pois por isso, nada fiz e não mereço... nada vim levar... só dar de mim, me deixar.
Estende tua mão com calma, alma pedaço de minh'alma, e sê feliz, só um pouquinho, porque todo ninho, ainda que sozinho, leva à algum lugar um pedaço de eternidade.
Te acolhe enfim, em ti, a beleza infinda de quem navega em alto-mar (sem bússola ou mapa), só pra ver a luz sobre as ondas, a vela a tremular e saber, que qualquer lugar que se chega, é o lugar de chegar!