segunda-feira, 4 de outubro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

CoNsTaTaÇõEs e OuTraS PeRcEpÇõEs




Mês 10... Setembro... Adoro setembro!
Talvez pela primavera, talvez pelo tom azul do céu que parece tão particularmente diferente... tão mais suave...
Enfim, aprendi muitas coisas mais nesta minha outra andança e estou indo pra casa!
Terras nordestinas aracajuanas tiveram uma mescla de sabores que somente conseguirei discernir (e digerir) quando em outro momento, menos turbulento, com menos oscilações – muita informação, confesso.
Quero compartilhar um pouco das minhas constatações e o que me surpreendeu dessa epopéia.
Os anos têm me trazido ou acentuado minha forma bastante peculiar de perceber o mundo, suas ações e transformações à minha volta.
Estou (e acho que sempre estive) em processo de busca, fuga, acertos e reparos (não chamo de erros). E, de certa maneira, estou sempre recomeçando.
Desconfio, sinceramente, que ainda não descobri uma real motivação para minha existência, ou pelo menos, como utilizar e direcionar adequadamente minha paixão pelo mundo. Falta alguma coisa. E eu, inquietamente busco, aqui e ali, reunindo nessa degustação inquietante de experiências, aquele sabor, aquele momento único e marcante que, num estalo, poderá justificar todas as trajetórias.
Sinto que a energia e a vibração estão congestionadas sob as concepções e sentimentos tantas vezes modificados, rearranjados e “adequados” ao socialmente aceitável e regras existenciais de outrens.
Sei que sentirei saudades... Sempre sinto, do que vejo bom.
Porque por pior que seja, experiências, situações, eu me movi! Não fiquei apática ou fóbica frente à possibilidade de fazer alguma coisa, mesmo que com ônus obscuros e incertos, eu ouso sentir de perto!
Penso que preciso ir pra dentro de mim visitar minhas paisagens, conhecer meus esconderijos, conversar com minh’alma, com calma, com ouvidos e coração, e me olhar mais de perto, nos olhos. Tenho estado ausente muito tempo. Nem sei quando me peguei no colo, quando me cantei uma canção, quando chorei de alegria. Faz tempo...
Às vezes sinto solidão. Uma solidão triste, cansada. Parece que tudo que tenho (o mundo) é pouco e vil.
Há momentos que eu sinceramente olho à minha volta e penso: queria marcá-lo pra sempre, como agora este, escrevendo aqui.
Prender na retina, na lembrança, na alma, esse instante de eternidade.
Estou voltando pra casa e sinto uma pontinha de descontentamento, mesmo que a recompensa seja o alívio de estar no que reconheço meu.
Não verei mais o mar da janela do meu quarto, nem a brisa salgada invadindo os espaços do apartamento com seu intenso vento, nem o brilho do sol nas águas... nem o balanço as folhas do alto coqueiro próximo à varanda ou os pássaros em cantoria fazendo neles seus ninhos.
Ontem recebi alguns presentes de uma amiga que fiz aqui, neste mês e poucos dias que fiquei.
Há seres que são maravilhosos e que fazem valer a pena. Mesmo as intempéries, mesmo as incertezas, mesmo as tristezas e angústias da frustração, tem um sentir menos amargo.
Ontem, ao receber o presente (que eram vários em um só), chorei.
Ela é plural como eu. Sente-se só em meio à multidão e se confunde com a profusão de seus sentimentos e observações particulares do existir à sua volta, como eu.
Os presentes, interessante conjunto (dá pra entender sua pluralidade assim, de alimentar várias partes de mim): Um livro de Augusto Cury – O Código da Inteligência – pra alimentar o intelecto. Um CD de Leila Pinheiro – A Bossa – pra alimentar o sentimento – Panos de Prato com delicados bicos de crochê – pra lembrar a beleza diária presente nas coisas simples – e uma Pedra de Ametista – representando a solidez inquestionável e transformadora da espiritualidade contida nos encontros e aprendizados.
Senti uma gratidão imensa pelo momento... pela oportunidade de deixar uma marca... um instante gravado na eternidade da existência de alguém e levar comigo também um pedacinho do seu universo.
Como é sutil esse sentimento e como são maravilhosas suas nuances. AMIZADE...
Penso no como o mundo estaria mais feliz, se as pessoas estivessem mais abertas a vivenciar e sentir o doce acolhimento dessa emoção.
Experimentei, nesse curto espaço de tempo, o valor de coisas ímpares como doação, compartilhamento, atenção e carinho... livres de intenções, de regras, de expectativas, apelas o fluir intenso e despretencioso, a troca.
Também tive minha dosagem de frustração, de desânimo, de desgaste, de impotência...
Tudo assim, como sempre é quando estamos de peito aberto: INTENSO.
O que importa, é que conheci um pouco mais... vivi, acrescentei novas linhas ao livro do meu ser, e entendi que sou eu a protagonista desta história cujo desfecho cambia um dia sim, no outro também de acordo com o que vou escolhendo momento a momento, sentir e conhecer um pouco mais de do que me cerca, um pouco mais de mim mesma.
Faz parte.

CoIsAs De DetRáS e AgOrA (A tEiA)






Embora não esteja explícito, em meio a minha pluralidade se escondem (também plurais), meus sentimentos e percepções do mundo. E nem poderia ser diferente diante do que parece ser tão óbvio!

Gosto dos meus sótãos, de registros, palavras empoeiradas e lembranças bem guardadas. Geralmente os tenho próximos à porta de mim, numa ampla sala repleta de relíquias e preciosidades de todos os tempos e andanças. Coisas dispostas em fácil acesso que, num súbito de saudade, eu possa simplesmente enfiar a mão e encontrar ali algum tesouro, sem ter que ir muito a fundo, evitando, quem sabe, o infortúnio de esbarrar ou tropeçar em algo triste ou desagradável.
As memórias menos felizes estão em outro lugar: um labirinto que quase sempre é estranho e cansativo de se visitar. O acesso se dá por entre veredas sombrias, com rochas íngremes e descampados áridos, vegetação ora rasteira, ressecada, ora espinhosa, emaranhada, sem riachos ou cascatas, um sem fim de quase nada.

É assim que guardo minhas histórias e as resgato pra reviver o que foi deliciosamente bom, quando sinto que o gosto do presente está muito insonso, amotivo ou trivial!

Adoro ouvir músicas e saborear as emoções e sensações que despertam... Também me encanta rever antigos versos de desabafo rebelde, regados de inquietude adolescente, rompantes românticos e amores eternos, que a maturidade se incumbe impiedosamente de revelar como ilusões ao passar do tempo. Sim, com o chegar dos anos (e desenganos), vai se aprendendo a entender como são fugazes os lampejos joviais e aventureiros do coração quando sedento de amar.
Lá dentro, conforme vou sentindo, relendo, ouvindo... as cenas vão emoldurando o presente e uma névoa quase translúcida tornam o momento um portal entre dois mundos: o de antes e o de agora se fundem num só.

Às vezes sorrio de mim mesma! Um riso meio envergonhado de me ver flagrada por essa tolice ingênua repetir, por vezes, tempos em tempos, coisas desconexas (loucuras).
Minha alma embarca feliz nessas asas e segue em deslumbrante vôo até onde a mente/coração preservaram intocáveis meus muitos pedaços de vida...  No instante que é o ponto exato da eternidade na minha lenda pessoal.

Penso se gostaria de vivê-los novamente de forma real... e reflito: teriam eles os sabores de antes?
O gosto embriagante da surpresa e do desfecho inesperado 
(ou esperado)? 
A alegria do sentir pela primeira vez?
Penso que não!

Cada coisa é única, assim como únicos são os momentos de nascer e de morrer.

Penso ainda, que tudo está onde tem que estar... mais que isto, creio que a grande magia é poder ser quem sou (plural e singular), ir e vir nestes mundos só meus, experimentando cada sabor, mesclando o antes e o agora, num constante tecer de uma teia.

Quem lê minhas palavras, pode me achar estranha.
E é verdade. Eu sou!
Não tenho compromisso (aqui no que digo), com a coerência ou regras impostas cheias de achismos mas, com a expansão dos meus sentimentos – que são muitos!

Sei que há muito mais, além do que minha lente/mente consegue captar e decodificar... Mas é justamente por isso que tenho meus sótãos e gosto de visitá-los! Quando há excesso de informações eu fujo pra lá, tentando encontrar alguma referência que me mapeie um caminho ou ajude entender o que está acontecendo. Com certeza, o novo (sempre) é diferente, mas ao vivê-lo hoje, mesmo estranhamente, talvez faça com que ele seja, um dia, uma lembrança igualmente doce.

Muitos Beijos