Mês 10... Setembro... Adoro setembro!
Talvez pela primavera, talvez pelo tom azul do céu que parece tão particularmente diferente... tão mais suave...
Enfim, aprendi muitas coisas mais nesta minha outra andança e estou indo pra casa!
Terras nordestinas aracajuanas tiveram uma mescla de sabores que somente conseguirei discernir (e digerir) quando em outro momento, menos turbulento, com menos oscilações – muita informação, confesso.
Quero compartilhar um pouco das minhas constatações e o que me surpreendeu dessa epopéia.
Os anos têm me trazido ou acentuado minha forma bastante peculiar de perceber o mundo, suas ações e transformações à minha volta.
Estou (e acho que sempre estive) em processo de busca, fuga, acertos e reparos (não chamo de erros). E, de certa maneira, estou sempre recomeçando.
Desconfio, sinceramente, que ainda não descobri uma real motivação para minha existência, ou pelo menos, como utilizar e direcionar adequadamente minha paixão pelo mundo. Falta alguma coisa. E eu, inquietamente busco, aqui e ali, reunindo nessa degustação inquietante de experiências, aquele sabor, aquele momento único e marcante que, num estalo, poderá justificar todas as trajetórias.
Sinto que a energia e a vibração estão congestionadas sob as concepções e sentimentos tantas vezes modificados, rearranjados e “adequados” ao socialmente aceitável e regras existenciais de outrens.
Sei que sentirei saudades... Sempre sinto, do que vejo bom.
Porque por pior que seja, experiências, situações, eu me movi! Não fiquei apática ou fóbica frente à possibilidade de fazer alguma coisa, mesmo que com ônus obscuros e incertos, eu ouso sentir de perto!
Penso que preciso ir pra dentro de mim visitar minhas paisagens, conhecer meus esconderijos, conversar com minh’alma, com calma, com ouvidos e coração, e me olhar mais de perto, nos olhos. Tenho estado ausente muito tempo. Nem sei quando me peguei no colo, quando me cantei uma canção, quando chorei de alegria. Faz tempo...
Às vezes sinto solidão. Uma solidão triste, cansada. Parece que tudo que tenho (o mundo) é pouco e vil.
Há momentos que eu sinceramente olho à minha volta e penso: queria marcá-lo pra sempre, como agora este, escrevendo aqui.
Prender na retina, na lembrança, na alma, esse instante de eternidade.
Estou voltando pra casa e sinto uma pontinha de descontentamento, mesmo que a recompensa seja o alívio de estar no que reconheço meu.
Não verei mais o mar da janela do meu quarto, nem a brisa salgada invadindo os espaços do apartamento com seu intenso vento, nem o brilho do sol nas águas... nem o balanço as folhas do alto coqueiro próximo à varanda ou os pássaros em cantoria fazendo neles seus ninhos.
Ontem recebi alguns presentes de uma amiga que fiz aqui, neste mês e poucos dias que fiquei.
Há seres que são maravilhosos e que fazem valer a pena. Mesmo as intempéries, mesmo as incertezas, mesmo as tristezas e angústias da frustração, tem um sentir menos amargo.
Ontem, ao receber o presente (que eram vários em um só), chorei.
Ela é plural como eu. Sente-se só em meio à multidão e se confunde com a profusão de seus sentimentos e observações particulares do existir à sua volta, como eu.
Os presentes, interessante conjunto (dá pra entender sua pluralidade assim, de alimentar várias partes de mim): Um livro de Augusto Cury – O Código da Inteligência – pra alimentar o intelecto. Um CD de Leila Pinheiro – A Bossa – pra alimentar o sentimento – Panos de Prato com delicados bicos de crochê – pra lembrar a beleza diária presente nas coisas simples – e uma Pedra de Ametista – representando a solidez inquestionável e transformadora da espiritualidade contida nos encontros e aprendizados.
Senti uma gratidão imensa pelo momento... pela oportunidade de deixar uma marca... um instante gravado na eternidade da existência de alguém e levar comigo também um pedacinho do seu universo.
Como é sutil esse sentimento e como são maravilhosas suas nuances. AMIZADE...
Penso no como o mundo estaria mais feliz, se as pessoas estivessem mais abertas a vivenciar e sentir o doce acolhimento dessa emoção.
Experimentei, nesse curto espaço de tempo, o valor de coisas ímpares como doação, compartilhamento, atenção e carinho... livres de intenções, de regras, de expectativas, apelas o fluir intenso e despretencioso, a troca.
Também tive minha dosagem de frustração, de desânimo, de desgaste, de impotência...
Tudo assim, como sempre é quando estamos de peito aberto: INTENSO.
O que importa, é que conheci um pouco mais... vivi, acrescentei novas linhas ao livro do meu ser, e entendi que sou eu a protagonista desta história cujo desfecho cambia um dia sim, no outro também de acordo com o que vou escolhendo momento a momento, sentir e conhecer um pouco mais de do que me cerca, um pouco mais de mim mesma.
Faz parte.