sábado, 6 de novembro de 2010

LeMbRaNçAs...







Inda lembro quando criança, das coisas boas da infância (e das ruins também)!
Lembro dos brinquedos desejados, da vergonha que se tinha de exigir algum presente e da vontade louca de um "sim" inesperado pra algum desejo que a gente guardava lá no peito, e que, só os amigos mais amigos, sabiam!
Fui uma criança muito, muito atentada! 
Apanhei muito e tive meus castigos bem castigados.
Não era culpa minha que a "época" exigia um comportamento pacato e reprimido, quase celibático. Eu nasci querendo já ter asas que voassem! Era curiosa (e sou)!
Vejo o mundo por lentes próprias e em cores que só eu consigo perceber, sabores que são só meus... e, adorooooooo!
Trouxe na minha bagagem pra esta vida, minha cota de deslumbramentos e vivo a intensidade das minhas escolhas e caminhos.
Lembro das coisas que as crianças de agora não tem mais: brincar na rua de pique-esconde, pega-latinha, garrafão, amarelinha, queimada, pera, uva, maçã... 
Hoje, a intimidade assombrou os sonhos e as meninas, são mulheres e mães muito cedo. Descobrem elas que brincar de papai e mamãe tem um gosto de responsabilidade que as bonecas de antes não impunham.
Lembro da família em volta da mesa nos almoços de domingo, regados a trapalhões, coca-cola, macarronada e frango assado. Dos natais com tender e peru Sadia, do arroz à grega e espumante Sidra, dos presentes embaixo da árvore e amigo-oculto da família com presentes de R$ 1,99.
Parece que éramos tão felizes!
Nos meus aniversários, papai e mamãe me acordavam cedo! 
Adentravam alegremente meu quarto, cantando parabéns e me abraçavam abençoando a minha vida. O presente? Nem sempre vinha, mas, parecia (e hoje sei que sim) que apenas por isto, já o tinha recebido.
Hoje fecho os olhos nesse meu aniversário e lembro de tantas coisas... mas, sei que o tempo é nosso maior conselheiro e se incumbe de fazer com que a nostalgia seja doce e o futuro, mesmo incerto, tenha também suas cores.

Saudades deles...
Saudade de mim...
É a vida.








domingo, 31 de outubro de 2010

DeFiNiNdO o AmOr






Muitas vezes vejo tantas definições do amor que fico confusa e acabo me perguntando se realmente sabemos o que significa.
A inteligência humana tem nos trazido grandes evoluções no que diz respeito ao entendimento das coisas. Tem mostrado que entre o branco e o preto não existe apenas o cinza... mas milhões de nuances e possibilidades e isto é realmente maravilhoso, mas, quando trata-se de sentimento, quando mais se explica, menos se entende, então, eu estive pensando... 


O que é o amor?


Ah! amar é gostar, é cuidar, é querer ver bem, é estar perto, é compreender, apoiar... é beijar, abraçar, é deixar livre, é entender, é perdoar, é esquecer decepções...


Mas, peraiiiiií!!!!

Quando a gente é criança a gente tem um jeito só nosso de amar, ou não!
Amo bombom e odeio injeção! Simples e prático.
Aos poucos a gente vai sendo bombardeado por sentimentos e informações que vão mudando e confundindo esse sentir e dando novas definições:


Amigo é alguém que se gosta muito e, (em geral) se pode escolher, irmão é alguém que a gente aprende a gostar por força da convivência, pais amamos por dependência e depois o amor continua em gratidão... algumas pessoas escolhemos, outros apenas nos acostumamos por imposição da situação ou por comodismo.
Penso que no fundo... tudo é AMOR! O que muda é a intensidade, não sua verdade.
Eu costumo brincar dizendo que amo do tantinho da perninha da formiga mais pequetititinha, do tornozelo pra baixo!!!


Mas na verdade, amor não se mede!


É a energia de sentir, de provar, de degustar que o faz ser tão maravilhoso e único em quaisquer de suas definições: paternal, fraternal, amizade, paixão, respeito, admiração, gratidão...
Porque mesmo se ele for ainda menor que um grão de areia, se eu disser que amo... não importa o tamanho, será amor!
E as pessoas querem quantificar... e perguntam: me ama muito ou pouco?
Mas Amor é Todo amor (não "apenas" amor) seja o "tanto" que for!
Os cães amam. 
Não sabem responder se é muito ou pouco. Amam o suficiente pra ser pra sempre... pra não esquecer nunca... pra ser pra vida toda!


Eu amo. Te amo! 
Do meu jeito, do meu tudo e tanto e, não é porque eu não te amo do jeito que você gostaria, que não te amo. Aprendi a amar de um jeito meu... e estou apaixonada pelo Universo, por mim e por você, e por este lindo Planeta azul... por este momento Divino e de Vida!
Te convido a se permitir amar... 
Simplesmente... sem conta, sem regra, sem porque...
Só ame, e descobrirá o quanto é maravilhoso viver e sentir o amor!

Beijokas... 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


PaTeRnIdAdE DiViNa, HuMaNa e AnImAl




      Analisando a vida e suas consequências, vejo que a paternidade/maternidade (e tudo mais que implica procriação da espécie e sua preservação) tem seus caos e tropeços. Inclui-se nesse equilátero,   obviamente sem nenhum abrandamento, a espécie humana - a mais desafiadora e turbulenta de todos os seres da criação.
Penso eu que Deus não deve ter cabeça... e, se analisarmos friamente... não estou falando de uma cabeça como a nossa, que por míseros problemas terrenos se congestiona, surta e em resultado disso, catástrofes e mais catástrofes emocionais e comportamentais se instalam na vida (ainda mais miserável) do vivente.
Imagino, na minha mente fértil e cinematográfica, Deus lá encima, observando nossas pirraças, nossas raivas e atitudes medíocres de crianças mimadas e mau educadas quando nos confrontamos com frustrações mínimas (ou até grandes) e nos perdemos de nós mesmos.   Creio que Ele se diverte! Sim! Deus deve ter um senso de humor “Divino”, porque senão, pela quantidade de imbecilidade coletiva, se Ele se aborrecesse, já teria nos eliminado ou melhor, nos exterminado do universo há muitooooooo tempo poupando-se de tantos aborrecimentos!
Somos seres difíceis! E nosso Manual de Instrução vem com tinta invisível, ou seja, os outros coitados incumbidos de nos cuidar, ensinar (de nossa própria espécie), ficam totalmente perdidos, isto, sem falar que cada pessoa é de um “modelo”, um modus operandi completamente único e diferenciado. Às vezes um mero fato irrelevante gera comportamentos de diferentes proporções e intensidade inimagináveis, e isso, nem Freud conseguiria explicar!
Filhos... filhos... uma Missão Quase Impossível de se formar gente! Ações e reações iminentes a cada estímulo, diferindo resultados, intensidade e clareza em cada época da vida, variando de acordo com o ânimo, o bolso, a emoção, o conhecimento, a visão de valores, de si mesmo ou do mundo (distorcida ou não), ou seja: IMPOSSÍVEL DE SE PREVER OU ENTENDER!
Até nós mesmos, que nascemos e convivemos com nosso universo interno particular (e peculiar) muitas vezes pensamos secretamente: meu Deus, como é que eu me aguento!!! (quem nunca pensou isso nem uma vezinha, que atire a primeira pedra!) hihihi...
Então, suportar outro ser humano fustigando sua cabeça e testando seus limites em estado ABORRECENTE precoce ou tardio é simplesmente DOSE PRA ELEFANTE (tadinho do paquiderme!) – haja paciência!!!
Nesse surto psicótico de conhecer-se a si mesmo, conhecer os outros e administrar as intersecções do mundo externo e suas exigências,    estamos cada dia mais loucos, mais “pirados na batatinha!”
Agora, sobre paternidade animal (incluindo-se os primatas, nossos ancestrais) parece ser muito mais simples e organizada. Sim! O instinto e senso de grupo e cooperação parecem facilitar bastante as coisas! – HÁ – uma hierarquia que não é estabelecida pela beleza, dinheiro ou poder (comprado ou imposto). Conquista-se mediante regrinhas primitivas simples e eficazes: o mais forte, com características dominantes (mais instinto/agressividade), que demonstre chances reais de defender e preservar a espécie, é o líder! Se outro aparecer querendo “Ibope” no: – “Vamos ver quem ganha no braço ou no grito?”, tem que provar que pode! É estranho, mas funciona, até porque eles vão até o fim meeeeessssmo pra ver se o outro aguenta!
De tudo isto, essa aventura insólita, só lamento nossa animosidade quando: além de destruirmos o que não construímos, de depredar o que é um bem comum, ainda perdemos um tempo precioso tentando entender o propósito da vida e, infelizmente descobrimos, lá no finzinho, que TUDO podia ter sido muito, muito mais simples e fácil:

Era só não ter levado a vida muito a sério!




terça-feira, 12 de outubro de 2010

CoIsAs InUsItAdAs




Tem coisas que só acontecem com algumas poucas, raras pessoas... e, claro, eu sou uma delas!


Não sei se por causa da espiritualidade declarada, se pela disponibilidade ou se "Alguém" gosta de me observar embarcar em tantas loucuras de bom grado, por mera curiosidade e divertimento. Só pra ver no que dá!
Tive um final de semana s-u-r-r-e-a-l... fiz contado com meu Ser Interior, meditei, contatei e confraternizei com energias cósmicas, fiz meus rituais particulares e ancestrais... enfim, retomei minha consciência e missões energéticas com essa vida... restabeleci contato!
Muitas vezes penso, que isso tudo é mera loucura da minha cabeça, tento me convencer veementemente de que é sim! Mas, quando insisto nessa idéia, talvez pra justificar minha vontade de abandonar as loucuras dessa viagem, algo acontece e muda tudo! 
Sim! Algo no mínimo estranho, curioso ou mágico, meio inexplicável. Desde "coincidências" a fatos curiosíssimos e totalmente esquisitos.


Ontem de manhã, voltando pra casa, na rodoviária, enquanto esperava o ônibus (não não sei bem porquê não quis vir de metrô), uma gorda senhora negra me abordou.
Meu piloto automático ligado respondeu lá dentro sarcástico: - Aposto que vem me pedir dinheiro!
Ela chegou docemente e disse: Bom dia! Me desculpe se lhe incomodo mas, a senhora não sabe de quem precisa de uma excelente passadeira? Eu sou passadeira há vários anos e estou procurando trabalho. Trabalho muito bem. Passo rápido, sou caprichosa e asseada, chego cedo, sou de muita confiança. É que meu esposo faleceu de câncer recentemente e eu estou com apenas um dia de passadeira e quero ter pelo menos 3 ou 4 pra ajudar no orçamento de casa. Não tem problema se for no final de semana que a pessoa quiser. 
E fixou os olhos no meu com um sorriso amplo exibindo a falha de um pré-molar no lado esquerdo e um amplo diastema (fenda entre os dentes da frente). Os olhos sorriam junto com os lábios em harmoniosa simpatia.
Olhei pra ela surpreendida por seu "marketing pessoal" entusiasta e bem elaborado e fiquei pensando... Onde ela teria desenvolvido uma abordagem tão eficiente?
Era uma senhora muito simples, de vestes puídas e gastas, com consertos alinhavados em linha de outra cor expostos numa gola que já pretendia despencar, mas visilmente limpa e passada. O cabelo afro com fios muito crespos, eram contidos numa presilha puxando mechas pra trás. Os olhos grandes e sobrancelhas ralas tinham ao centro um nariz largo sobre lábios grossos e bochecha rechonchuda. Me confessou ser disposta ao trabalho, mesmo já tendo 50 anos.
Fui encurralada! Pensei.
Não tinha como não ser gentil ou indiferente com ela!
Olhei amorosamente para seus olhos ansiosos e disse: Olha, eu no momento não conheço ninguém pra indicar pra senhora, mas, por favor, me passe seu telefone de contato, que se eu souber de alguém, eu lhe indicarei com prazer, tá bom?
Ela rapidamente me disse o seu nome - Ana, o telefone, os dias disponíveis (todos exceto quinta-feira) e o valor cobrado (dentro do mercado) mais passagem e almoço.
Quanta objetividade e foco! pensei.
Anotei o telefone dela e, quando pensei que já tinha terminado, ela me disse: - Quero pedir mais uma coisa pra senhora!
Pronto! Eu já estava completamente comprada por ela, então, um pedido a mais não era problema. Ela já tinha fisgado o peixe!
Sim... (disse eu toda envolvida e solícita) pode falar! Sabendo que qualquer pedido concederia mais tempo ao sorriso e brilho daquele olhar e talvez mais alguma boa surpresa.
- Por acaso a senhora poderia me ajudar a comprar um lanche? É que saí muito cedo de casa e não sei que horas vou voltar e só tenho o da passagem mesmo.
Lancei mão à bolsa, sem resistência, tirei o dinheiro da carteira, o suficiente pra um bom lanche e entreguei a ela que, toda satisfeita disse veemente:
- Que Deus lhe abençoe e multiplique em saúde sua bondade e sua prosperidade!
Respondi com um largo sorriso de abençoada e desejei o mesmo, olhando amorosamente em seus olhos: Deus já está me ajudando a ajudar a senhora e muito mais Ele fará!
A senhora me olhando emocionada segurou no meu braço e  disse: - Por favor, faz uma oração comigo!
E lá fui eu, sem nenhum constrangimento, na frente da vitrine da lojinha de calçados, em plena rodoviária, 10h da manhã, fazendo oração com uma pessoa totalmente desconhecida e abençoando a vida dela e de seus familiares.
Não suficiente tanta inusitada e inesperada emoção, ao terminar, ela abriu bem os braços, me acolheu em seu peito largo e farto, me segurou apertado e cheia de gratidão e calor sincero, me soltou, disse obrigada, e foi-se!
Fiquei olhando ela distanciar-se caminhando mansamente, sentindo aquela sensação (que o cérebro não entende) de doce e amorosa ação bilateral que não só ajudou quem pediu, mas iluminou meu dia, pela oportunidade de fazer o bem e sentir o delicioso sabor de tê-lo feito integralmente.

É Deus... Ganhei meu dia!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

TiRo De MiSeRiCóRdIA!!!




Estamos agonizando... o Planeta está.
As coisas que vemos são, no mínimo, a mais pura constatação de que o Apocalipse começou (e já tem tempo!)
Estava eu indo no final de semana pra casa de um amigo, quando, dentro do ônibus super lotado, entrou uma senhora com duas sacolas grandes e pesadas. O ônibus estava cheio, impossivelmente cheio. Ela tinha duas sacolas. E os bancos preferenciais tinham os lugares lotados.
Mais atrás, uma menina de uns 7 ou 8 anos, talvez 10, no máximo, estava sentada com aquele ar de "ai meu Deus, eu quero morrer aqui!" e "danem-se vocês!", olhou para a senhora que, fez questão de estacionar na frente dela com olhar questionador e cheio de direitos, do tipo: "milha filha, eu sou velha e você é criança, levanta pra eu sentar!" e a menina ignorou com olhar frio e tedioso.
Todos se entreolharam procurando a reação de uma possível mãe que fosse dizer pra menina: "sai daí e deixa a senhora sentar!", mas foi em vão... ninguém se pronunciou.
Uma pergunta se inquietava na mente das pessoas:
1. Estaria a menina sozinha? Cadê a mãe?
2. A mãe fingia que não tava acontecendo nada, sonsamente, com cara de que não era com ela!
3. A mãe em poucos momentos detectaria a senhora de pé ao lado e pediria pra pra menina sair?
4. Alguém se levantaria e cederia o lugar pra senhora?
5. Alguém falaria com a menina pra sair?


Nãoooooo! ...os segundos se passaram e ninguém se pronunciou, nada aconteceu!


A mulher com as sacolas demonstrava impaciência e frustração.
O ônibus cheio andou algumas quadras e a senhora, com as sacolas já apoiadas no chão, olhava atentamente para ver se vagava alguma cadeira, em vão.
Finalmente, depois de algumas freiadas, paradas e sacolejos, ela olha pra menina firmemente e diz:
- Meu anjinho... onde está sua mãe? Olha, essa vózinha aqui está bastante cansada, não tinha como você ir sentadinha no colinho da vovó, só pra eu não ficar chacoalhando o tempo todo, además, minhas pernas estão doendo muito. E deu um sorrisinho descrente.
A menina, para surpresa de todos, olhou com cara de desdém, examinando minuciosamente cada detalhe da velha senhora, coçou a cabeça, fez cara de tédio e virou-se pra cadeira atrás, do lado oposto, tentando fazer contato visual com a mãe, que se escondia atrás de dois ou três amontoados no espaço mínimo do corredor e gritou: Mãe! Ô Mãe! Tem uma mulher querendo que eu saio do banco pra ela sentar e eu num vou sair não!


... (Expectativa Geral) 


Silêncio!


Novamente nada aconteceu.
Mais uma curva, mais um buraco, um solavanco! E a Senhora reclamou com a menina, já em tom mais impaciente:
- Menina, cadê sua mãe?
E a menina apontando o dedo mole e displicente na suposta direção da mãe disse:
-Tá ali, ó! Aquela de blusa vermelha, cabelo preso com um lápis e uma nenêm no colo.
A velha se esticou pra ver se alcançava, mas não conseguiu ver muito.
Daqui a pouco ela viu, na cadeira apontada, uma moça bem morena e volumosa, de rastafari, amamentava, com os peitões expostos uma bebezinha de uns 8 meses. Dois meninos (gêmeos) de uns 4 anos sentados ao lado, imprensavam uma outra menina de uns 6 anos, com uma sacola de bebê que tomava mais da metade do assento dos pobres. Aos meus olhos e olhos curiosos (críticos e pasmos) de todos, pensamos em uníssono:
Meu Deus, que louca!!! Será que é mãe dessa tropinha toda? Não eram sujos ou catarrentos, apenas simples.
A menina aquietou-se, virando as costas pra senhora e escondendo a cara por entre os braços em posição de travesseiro de dormir.
A senhora suspirou com cara de batalha perdida e o burburinho começou:
- Acho um absurdo fazer isso... colocar criança no lugar de adulto! - Tem gente que é folgada mesmo, onde já se viu? - Nossa a mãe tá lerda ou tá morta? - Ah, não... ninguém vai dar lugar pra senhora, não? - É... o mundo tá perdido!!!
Mais alguns esbarrões e freiadas bruscas, a idosa certamente pensando no trajeto longo a ser percorrido, olha impaciente em volta, tentando ajeitar-se no mínimo espaço disponível e cutuca a menininha novamente:
- Filha, deixa a vovó sentar aí e você vai no meu colinho, prometo.
Os marmanjos sentados nas cadeiras próximas enfiavam a cara no vidro, aumentavam o som de seus MP3... cruzavam os braços e pernas e fingiam que estavam em outro planeta!
A garotinha já também enraivecida, olha pra trás e solta um grito ainda mais alto:
- Ô Maêêêêêêêê, a mulher quer que eu saio daquiiiiiii!!!!!
E a senhora se espremendo entre as brechas pra ver o rosto e reação da mãe, a encontra e, aliviada´e sem jeito diz:
- É que eu to tão cansada minha filha, e o ônibus tá tão cheio, que eu queria sentar e levar ela no meu colo, tudo bem?
- E a moça gorda, de uns 28 anos, olha pra senhora e diz, pra espanto de todos:
- Ô tia, eu paguei a passagem dela, e uma pros meninos, pra ela não ir em pé e nem apertada, então, ela não tem que dar o lugar dela pra ninguém, não, viu?! Só porque ela é criança tem que ir de qualquer jeito? Nãooooo minha filha, EU PAGUEI a passagem, entendeu? NÃO VAI SAIR NÃO, NENHUM! TA CERTO?
Todo mundo ficou pasmo! Sem ação! Indignado!
A senhora, com um misto de revolta, ódio, instinto homicida e vergonha, olhou impotente pra todo mundo, meio que implorando um motim, e amaldiçoando disse: - Tá certo... você nunca vai ficar velha... e se encolheu toda.
Uma moça que tava cheia de livros de faculdade, vestindo jaleco e roupa branca, levantou-se puta c/ os marmanjos e espremidamente entre as pessoas cedeu o lugar pra senhora, que, nesse momento, já estava resignada a ir os 20 e tantos km de pé. 
Com raiva e decepção ela agradeceu, dizendo que estava bem e ruminou entre dentes que Deus sabia de todas as coisas...
O ônibus ia lentíssimamente, pesado, abafado e barulhento... o nervosismo calado cerrava os cenhos e endurecia os humores. Era uma bomba relógio!
Na terceira parada um barulho e um chacoalhão! 
- Opa! o que é isso? Que cheiro estranho... Aconteceu alguma coisa!
E os curiosos se dobravam na direção da janela esquerda tentando ver algo.
A velocidade foi diminuída... um barulho batendo, batendo... e o carro foi parado!
- Ah, não! Pelo Amor de Deus! O que foi, motorista? Revolta geral.
- Pera que eu vou ver, mas acho que foi o recapeamento do pneu que foi pro pau! e foram dos dois, tenho certeza!
Pescoços esticados, caras fora da janela... e o motorista volta balançando a cabeça e dizendo:
- Acabou a alegria! Desce todo mundo!
- O queeeeê? - Ai meu Deeeeeeus, só faltava essa! 
- Ixi, vou chegar amanhã em casa! 
- Tem certeza motorista?
E a multidão indignada e reclamenta descia como boiada pro matadouro.
A senhora ficou quieta, de olhar parado sentada no banco, como que pensando no que seria o "próximo" onibus, com a carga vinda e mais essa, além do tempo de espera!
Desceu todo mundo... ficaram uns velhinhos, duas pessoas com criança e a tal moça com os 5 filhos.
Os velhinhos, se solidarizando, se aproximaram pra dar apoio pela falta de bom senso da mãe da menina, afirmando da barbaridade do mundo de hoje, da falta de respeito, de amor, de Deus.
A mãe dos meninos, enraivecida, pensava no que  ia fazer pra colocar 5 crianças, mais bolsa, num onibus superlotado e agora, sem lugar pra todos. Talvez conseguisse um, se alguém tivesse caridade, e se não?
Não tinha mais nada pra piorar... pensavam, até que o próximo onibus, também já cheio se aproximasse e, todo mundo em selvagem tumulto sentindo a iminência ameaçadora da tempestade com ventanias e raios, desabasse rápida, pesada e impiedosa sobre os pobres coitados!
Detalhe: a parada de ônibus depredada na beira da estrada, não tinha sequer uma telha pra se esconder embaixo, era só um resto de construção em pedaços e uma placa.
Reflexão - Será que foi castigo ou mero acaso?
Penso, diante de tudo isso, que faltou um pouco de bondade... dos homens e do tempo!


Beijos.



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

CoNsTaTaÇõEs e OuTraS PeRcEpÇõEs




Mês 10... Setembro... Adoro setembro!
Talvez pela primavera, talvez pelo tom azul do céu que parece tão particularmente diferente... tão mais suave...
Enfim, aprendi muitas coisas mais nesta minha outra andança e estou indo pra casa!
Terras nordestinas aracajuanas tiveram uma mescla de sabores que somente conseguirei discernir (e digerir) quando em outro momento, menos turbulento, com menos oscilações – muita informação, confesso.
Quero compartilhar um pouco das minhas constatações e o que me surpreendeu dessa epopéia.
Os anos têm me trazido ou acentuado minha forma bastante peculiar de perceber o mundo, suas ações e transformações à minha volta.
Estou (e acho que sempre estive) em processo de busca, fuga, acertos e reparos (não chamo de erros). E, de certa maneira, estou sempre recomeçando.
Desconfio, sinceramente, que ainda não descobri uma real motivação para minha existência, ou pelo menos, como utilizar e direcionar adequadamente minha paixão pelo mundo. Falta alguma coisa. E eu, inquietamente busco, aqui e ali, reunindo nessa degustação inquietante de experiências, aquele sabor, aquele momento único e marcante que, num estalo, poderá justificar todas as trajetórias.
Sinto que a energia e a vibração estão congestionadas sob as concepções e sentimentos tantas vezes modificados, rearranjados e “adequados” ao socialmente aceitável e regras existenciais de outrens.
Sei que sentirei saudades... Sempre sinto, do que vejo bom.
Porque por pior que seja, experiências, situações, eu me movi! Não fiquei apática ou fóbica frente à possibilidade de fazer alguma coisa, mesmo que com ônus obscuros e incertos, eu ouso sentir de perto!
Penso que preciso ir pra dentro de mim visitar minhas paisagens, conhecer meus esconderijos, conversar com minh’alma, com calma, com ouvidos e coração, e me olhar mais de perto, nos olhos. Tenho estado ausente muito tempo. Nem sei quando me peguei no colo, quando me cantei uma canção, quando chorei de alegria. Faz tempo...
Às vezes sinto solidão. Uma solidão triste, cansada. Parece que tudo que tenho (o mundo) é pouco e vil.
Há momentos que eu sinceramente olho à minha volta e penso: queria marcá-lo pra sempre, como agora este, escrevendo aqui.
Prender na retina, na lembrança, na alma, esse instante de eternidade.
Estou voltando pra casa e sinto uma pontinha de descontentamento, mesmo que a recompensa seja o alívio de estar no que reconheço meu.
Não verei mais o mar da janela do meu quarto, nem a brisa salgada invadindo os espaços do apartamento com seu intenso vento, nem o brilho do sol nas águas... nem o balanço as folhas do alto coqueiro próximo à varanda ou os pássaros em cantoria fazendo neles seus ninhos.
Ontem recebi alguns presentes de uma amiga que fiz aqui, neste mês e poucos dias que fiquei.
Há seres que são maravilhosos e que fazem valer a pena. Mesmo as intempéries, mesmo as incertezas, mesmo as tristezas e angústias da frustração, tem um sentir menos amargo.
Ontem, ao receber o presente (que eram vários em um só), chorei.
Ela é plural como eu. Sente-se só em meio à multidão e se confunde com a profusão de seus sentimentos e observações particulares do existir à sua volta, como eu.
Os presentes, interessante conjunto (dá pra entender sua pluralidade assim, de alimentar várias partes de mim): Um livro de Augusto Cury – O Código da Inteligência – pra alimentar o intelecto. Um CD de Leila Pinheiro – A Bossa – pra alimentar o sentimento – Panos de Prato com delicados bicos de crochê – pra lembrar a beleza diária presente nas coisas simples – e uma Pedra de Ametista – representando a solidez inquestionável e transformadora da espiritualidade contida nos encontros e aprendizados.
Senti uma gratidão imensa pelo momento... pela oportunidade de deixar uma marca... um instante gravado na eternidade da existência de alguém e levar comigo também um pedacinho do seu universo.
Como é sutil esse sentimento e como são maravilhosas suas nuances. AMIZADE...
Penso no como o mundo estaria mais feliz, se as pessoas estivessem mais abertas a vivenciar e sentir o doce acolhimento dessa emoção.
Experimentei, nesse curto espaço de tempo, o valor de coisas ímpares como doação, compartilhamento, atenção e carinho... livres de intenções, de regras, de expectativas, apelas o fluir intenso e despretencioso, a troca.
Também tive minha dosagem de frustração, de desânimo, de desgaste, de impotência...
Tudo assim, como sempre é quando estamos de peito aberto: INTENSO.
O que importa, é que conheci um pouco mais... vivi, acrescentei novas linhas ao livro do meu ser, e entendi que sou eu a protagonista desta história cujo desfecho cambia um dia sim, no outro também de acordo com o que vou escolhendo momento a momento, sentir e conhecer um pouco mais de do que me cerca, um pouco mais de mim mesma.
Faz parte.

CoIsAs De DetRáS e AgOrA (A tEiA)






Embora não esteja explícito, em meio a minha pluralidade se escondem (também plurais), meus sentimentos e percepções do mundo. E nem poderia ser diferente diante do que parece ser tão óbvio!

Gosto dos meus sótãos, de registros, palavras empoeiradas e lembranças bem guardadas. Geralmente os tenho próximos à porta de mim, numa ampla sala repleta de relíquias e preciosidades de todos os tempos e andanças. Coisas dispostas em fácil acesso que, num súbito de saudade, eu possa simplesmente enfiar a mão e encontrar ali algum tesouro, sem ter que ir muito a fundo, evitando, quem sabe, o infortúnio de esbarrar ou tropeçar em algo triste ou desagradável.
As memórias menos felizes estão em outro lugar: um labirinto que quase sempre é estranho e cansativo de se visitar. O acesso se dá por entre veredas sombrias, com rochas íngremes e descampados áridos, vegetação ora rasteira, ressecada, ora espinhosa, emaranhada, sem riachos ou cascatas, um sem fim de quase nada.

É assim que guardo minhas histórias e as resgato pra reviver o que foi deliciosamente bom, quando sinto que o gosto do presente está muito insonso, amotivo ou trivial!

Adoro ouvir músicas e saborear as emoções e sensações que despertam... Também me encanta rever antigos versos de desabafo rebelde, regados de inquietude adolescente, rompantes românticos e amores eternos, que a maturidade se incumbe impiedosamente de revelar como ilusões ao passar do tempo. Sim, com o chegar dos anos (e desenganos), vai se aprendendo a entender como são fugazes os lampejos joviais e aventureiros do coração quando sedento de amar.
Lá dentro, conforme vou sentindo, relendo, ouvindo... as cenas vão emoldurando o presente e uma névoa quase translúcida tornam o momento um portal entre dois mundos: o de antes e o de agora se fundem num só.

Às vezes sorrio de mim mesma! Um riso meio envergonhado de me ver flagrada por essa tolice ingênua repetir, por vezes, tempos em tempos, coisas desconexas (loucuras).
Minha alma embarca feliz nessas asas e segue em deslumbrante vôo até onde a mente/coração preservaram intocáveis meus muitos pedaços de vida...  No instante que é o ponto exato da eternidade na minha lenda pessoal.

Penso se gostaria de vivê-los novamente de forma real... e reflito: teriam eles os sabores de antes?
O gosto embriagante da surpresa e do desfecho inesperado 
(ou esperado)? 
A alegria do sentir pela primeira vez?
Penso que não!

Cada coisa é única, assim como únicos são os momentos de nascer e de morrer.

Penso ainda, que tudo está onde tem que estar... mais que isto, creio que a grande magia é poder ser quem sou (plural e singular), ir e vir nestes mundos só meus, experimentando cada sabor, mesclando o antes e o agora, num constante tecer de uma teia.

Quem lê minhas palavras, pode me achar estranha.
E é verdade. Eu sou!
Não tenho compromisso (aqui no que digo), com a coerência ou regras impostas cheias de achismos mas, com a expansão dos meus sentimentos – que são muitos!

Sei que há muito mais, além do que minha lente/mente consegue captar e decodificar... Mas é justamente por isso que tenho meus sótãos e gosto de visitá-los! Quando há excesso de informações eu fujo pra lá, tentando encontrar alguma referência que me mapeie um caminho ou ajude entender o que está acontecendo. Com certeza, o novo (sempre) é diferente, mas ao vivê-lo hoje, mesmo estranhamente, talvez faça com que ele seja, um dia, uma lembrança igualmente doce.

Muitos Beijos


sábado, 11 de setembro de 2010

La ViDa SiGuE!!!







Gente!!! Estou em A-R-A-C-A-J-U!!!!


Lugar diferente, cultura e comportamentos diferentes... enfim: mudar, muda! (e como!!!)


Sim, meu povo! Cá estou em terras sergipanas e digo: o Sergipe é um lugar estranho... pelo menos pra mim!
Há aqui, pessoas de sotaque carregado no "tí" dos portugueses que colonizaram esse pedaço de canto do Brasil (que eu acho feio), com um jeito brejeiro e pacato, poucas opções para as muitas coisas que estamos habituados (do Centro-Oeste pra baixo) e várias aspirações, desde quê (muito bem explicado): não seja necessário nenhum movimento brusco, esforço ou mudança em sua pacatez rotineira.


Os baianos sempre tiram sarro daqui dizendo que: "Aracaju é quintal de Salvador!" Isso não é só devido à proximidade e tamanho da cidade (pequena), mas por quererem dar a entender que o lugar/pessoas, não tem uma identidade própria, uma imponência e, de fato, ela ainda é uma tímida sombra de si mesma. Vendo de perto, é um pouco assim, sim!



Bom, tirando as considerações sócio-culturais patriarcais e a enorme incidência evidente de uma população com faixa etária jovem cheia de rebeldias e auto-afirmação em evidência, (pense na emoção dessa loucura!!!) a cidade é, pra quem veio da Capital do Brasil (como eu), um lugar provinciano e arcaico, onde a internet tem uma velocidade média de 250k (e custa caro!), há apenas DOIS shoppings na cidade (pequenos, como os de bairro) e o jornal local de maior circulação do estado é SEMANAL, saindo somente às segunda-feiras. Também a maioria do comércio fecha pro almoço!!! (como assimmmmm?!?!?!) - :O! Chocada!


Me acho patologicamente excêntrica (e pior é que gosto) ao, nesta minha sandice, me permitir vivenciar o desafio de tentar entender essa mistura heterogênea de gêneros e comportamentos, que no fundo, são inúmeras esquisitices aos meus olhos.
Muitas vezes, penso eu (tentando me consolar do passo altamente ousado que dei) que talvez aqui, com toda miscelânea exótica de seres e pareceres, eu me encontre, visto que sou plural, inquieta e investigativa ou que pelo menos, resulte no acréscimo de algo que somente uma experiência desse quilate poderia proporcionar! (esse é o discursinho que me faço quando penso em sair correndo sem volta!) KKKKKKKK


Sinto saudades, preciso confessar, das pessoas do meu naipe! Das coisas que só quem vive o urbanismo organizado, a amplitude espacial e cultural de Brasília e sua homogênea beleza de nuances singulares consegue compreender! Estilo!!! Consegue entender? é assim.


Aqui as tribos: nordestinos de raiz, "hippongos", "tô nem aí pro mundo" e "dane-se!" fazem uma fusão curiosa e impactante aos meus olhos de cultura "centro-oestina" (originalmente conhecida como "pé rachado goiano") e conceitos lapidados de leoa do cerrado.


Aracaju tem sua beleza, claro! E desperta em mim, a mesma reação que causa à retina de um sertanejo visitando a Bienal de Arte Contemporânea em São Paulo: espanto e medo, beleza e curiosidade, estranheza e observação.


Enquanto isto, vou tentando saborear o paladar cultural "sui generis" e manter, disfarçadamente, meus olhos menos arregalados ao contraste que me atordoa.
Começo esta semana meu investimento no "vamos ver no que dá!".
Eu vim pra ver e fazer. Já vi. Estou começando a fazer.
O resultado? só Deus sabe... Mas, quem me conhece sabe que não sou de desistir e, mesmo com medo (e olha que isso é uma coisa que eu tenho bastante, mas, disfarço bem que não tenho!!!), eu me arrisco, e tento!


Viver é isto: degustar sabores e emoções... ter a CORAGEM de se demover da zona de conforto e lutar pra conquistar a alegria de se fazer o que se acredita e quer!
Eu penso assim: se não fizer nada, nada vai mudar! Se fizer algo, ainda que mera experiência e conhecimento terei adquirido e participado do movimento incessante da vida, do fluxo dos acontecimentos... então, que seja!


Viver, continua sendo viver, sempre!!! 
De um jeito ou de outro, La Vida Sigue! quer você queira, quer não!
E eu quero: deixar minhas marcas e levar emoções!


Eu AmO ViVeR dE mOnTãO!
É simples assim.


BjOkas